Quem pode escrever um livro
Fui enganada. Antes eu achava que escritores eram aqueles caras sombrios, que viviam isolados, em casas no meio do nada, por semanas, em busca de vencer a luta contra a temida página em branco. Clique para ler o artigo completo.
Camila Scrivano
5/15/20243 min ler
Antes eu achava que escritores eram aqueles caras sombrios, que viviam isolados, em casas no meio do nada, por semanas, em busca de vencer a luta contra a temida página em branco.
Eu acreditava que ser escritor era, acima de tudo, contar com a sorte e com a inspiração que, quiçá, um dia virá para os mais afortunatos. Achava mesmo que escrever era quase como uma comissão divina para uma elite letrada e iluminada, que estava condenada a viver de migalhas e litros de whisky, até que, por um golpe de sorte, sua genialidade seria descoberta e voilà: tornaria-se best seller, e o mundo se tornaria pequeno para esse ser especial, o escritor.
Os filmes de Hollywood só reforçavam essa percepção, e conforme assistia a grandes atuações no cinema, sentia que ser escritora não seria nunca uma vida viável para mim.
Só que ainda na infância, notei que a escrita faz parte do nosso dia a dia, mesmo quando não vemos nela um valor elevado.
Bilhetes para os colegas na escola, cartinhas de amor, meu querido diário... quem nunca? Na minha época ainda, pra ajudar nesse sentido, as meninas faziam coleção de papeis de carta. Eram pastas e mais pastas com envelopes plásticos, onde armazenávamos aqueles papéis lindos, que só tínhamos coragem de usar em ocasiões muito especiais.
Tínhamos também aqueles montes de cadernos, os nossos companheiros na jornada escolar, que diariamente nos acompanhavam em nossos momentos de aprendizado (ou de divagação), ou mesmo em tempos de sufoco, quando chegava o fim do ano, e as notas obtidas não eram as mínimas para passar para a próxima etapa.
Na mesma época ainda, era comum ver nossos pais folheando jornais e revistas, sempre conteúdos impressos, redigidos por alguém. Será que aqueles também seriam seres superiores, já que viviam da escrita?
Fui crescendo e notando que, do mais anônimo ao mais famoso, do doutor ao semialfabetizado, todos em algum nível e intensidade, tinham contato com a escrita. Fosse por objetivo ter contato com Deus através da Bíblia, ou apenas conseguir lembrar de todos os itens a serem comprados no mercado, lá está o papel e a caneta, com nossos rabiscos.
O tempo foi passando, e o digital apareceu. De repente, aquilo que imaginávamos que aconteceria nos anos 2000 começa a se tornar realidade. É como se, na minha geração, tivéssemos nascido como Flinstones, e fossemos morrer como Jetsons. Inacreditável!
Naquela altura, muita gente dava o papel como condenado. Mas e a produção literária, que fim teria?
Os anos se passaram, e muita coisa mudou no mercado editorial. Hoje em dia é raro encontrar alguém com jornal ou revista nas mãos, já que os telefones móveis se encarregam de entregar o conteúdo não de um, mas de todos os periódicos que o seu proprietário desejar. Já quase não vemos bancas de jornal, e a finada lista telefônica já não faz mais falta.
Mas e os livros? Bom, esses seguem firmes e fortes. Mais do que nunca, são consumidos em versão impressa e também digital. Os mesmos aparelhinhos que levamos para todo canto nos permite acessar um mundo inteiro de leituras de todos os tipos, jeitos, gostos, épocas e línguas.
Nunca se produziu tanto livro. A tecnologia, que temia-se exterminar a produção literária, deu a ela na verdade, um crescimento exponencial e uma velocidade de publicação que faria enlouquecer os primeiros escritores.
E por falar neles... hoje não é mais necessário ser um acadêmico para lançar um livro. Se no passado, a editora era absolutamente necessária, hoje ela luta para se fazer presente. Se antes era exigido do autor uma série de graduações, e muito reconhecimento no mercado editorial para ter a chance de ter um livro publicado, hoje em menos de dois meses é possível publicar sozinho o seu próprio livro, e ainda torná-lo best seller.
Não acredita? Foi assim comigo. Já estou no meu terceiro livro publicado, todos best sellers, e nos próximos 30 dias serão lançadas mais três obras com meu nome: em duas eu participei, e uma é de minha autoria apenas.
E digo mais: pode ser assim com você também. Você já pensou em segurar nas suas mãos um livro escrito por você, eternizando tudo aquilo que você aprendeu, ou criou?
Pense nisso, e se essa ideia fala ao seu coração, comenta